Impressões



Pudera eu colocar meu dedo indicador para reconhecimento em biometria nos contatos pessoais
Pois assim não haveria margem de erros das pessoas reconhecerem que eu sou eu mesma

Quisera eu ter testemunhas oculares de tudo que faço ou penso ou principalmente penso
Pois assim não haveria dúvidas em relação aos meus pensamentos
Porque o que eu penso sou eu mesma

Aahh, delicioso seria que as pessoas tivessem uma primeira impressão de mim
E que esta impressão não precisasse ser digital
Mas ainda assim, refletisse que eu sou eu mesma

Porque eu sou tão transparente que as pessoas começam a duvidar de tanta clareza...
Mas, infelizmente (ou felizmente) nem tudo são impressões digitais
A maior parte das vezes é preciso ter Con-TATO

E as pessoas mudam
E eu mudo
E mesmo nas minhas mudanças, continuo sendo eu mesma

Esta é a única forma que posso assegurar quem sou: sendo eu mesma!


Psiu... Silêncio!

Para quem não vai curtir as baladas do Carnaval, ou para quem vai, mas pode precisar de um tempinho para escutar...



Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar... Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular.

Escutar é complicado e sutil.
Diz Alberto Caeiro que... Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas.
Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro:
Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma. Daí a dificuldade:
A gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor... Sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração... E precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade. No fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios: Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio.
Vejam a semelhança...
Os pianistas, por exemplo, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio... Abrindo vazios de silêncio... Expulsando todas as idéias estranhas. Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio.
Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos...
Pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se eu falar logo a seguir... São duas as possibilidades.
Primeira: Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou.
Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado.
Segunda: Ouvi o que você falou. Mas, isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.
Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.
O longo silêncio quer dizer: Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.
E, assim vai a reunião.
Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência...
E, se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras... No lugar onde não há palavras.
A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia... Que de tão linda nos faz chorar.
Para mim, Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: A beleza mora lá também.
Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.


- Fragmento do Texto Escutatória - Rubem Alves -


Bom feriado a todos vocês amigos! Eu vou ficando por aqui, no silêncio...

Os sinais

Eu não sou água mole que bate em pedra dura até que ela fure!
Durante as tentativas, procuro ficar atenta aos sinais e reavalio se devo continuar insistindo...
Os sinais estão por todo lado, mas não são visuais
São sentidos, percebidos e avisados

O corpo começa a dar sinal de cansaço
A cabeça pesa e o olhar deixa de ser para cima, em forma de sonho
Os ombros encurvam para dentro, como se quisessem avisar que é tempo de fechar
E o motivo para a ação decai

O carro enguiça no caminho
O celular acaba a bateria
E junto com a bateria do celular
Acaba também a energia

É hora de sair... É hora de mudar o sentido, não o que o corpo sente, mas o sentido da direção!

Era madrugada

Era madrugada

O barulho dos carros deu lugar a música da chuva caindo

Estava com frio e o vento assoviava pela janela e também soprava pensamentos

E com a chuva caindo, o frio e o vento, preferi ficar dentro

Dentro de mim

Sentindo meu corpo

E tentando ouvir o que ele dizia sem parar

Minha respiração estava ofegante e ao mesmo tempo calma

Com esforço controlei seu ritmo para me fazer serena

Procurei respirar a paz e expirar a dor

Naquele momento, se eu pudesse escolher, não queria estar sozinha

Mas isto eu não consegui controlar

Como não consegui controlar meu coração

Ele batia e bate, independente de eu querer ou não!

Passos desencontrados

Num dia eu te conheci
Noutro eu te percebi
Mais adiante eu te senti
E, durante o caminho, eu me apaixonei

Seu caminho foi inverso
Apaixonou-se primeiro para depois conhecer

Não foi por acaso
Não foi uma trombada, uma batida de frente
Foi um esbarrão, um encontro lado a lado

Ainda que andando pelo mesmo caminho, conseguimos nos perder

Quando será que vamos nos reencontrar?

O tempo

Eu estou sem tempo...
Não, não! Minha vida não está agitada!
Mas eu estou sem tempo...

Eu estou sem tempo para esperar...
A vida é corrida!
E eu estou sem tempo para perder tempo...

O relógio que conta o meu tempo parece pequeno demais...
E os minutos estão voando!
Mas eu estou andando... E as pessoas estão andando...

Não tenho como controlar o ritmo da vida...
Mas tenho como aumentar a velocidade dos meus passos... E as pessoas também têm como aumentar a velocidade dos passos delas... Sem estresse!
Construindo bem abaixo dos nossos pés os nossos sonhos!

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