Companhias e Companheiros

Uma boa companhia nem sempre é um bom companheiro
Uma boa companhia aparece e ajuda a passar o tempo
Um bom companheiro cresce e faz parte do tempo

Companhias estão disponíveis
Companheiros são disponíveis

Ideal seria ter boas companhias que são bons companheiros
No entanto, um não exclui o outro
Apenas completa

Companhias estão passagens
Companheiros são PRESENTES

PRESENTES que não se compram e nem tem como pagar por eles, porque não tem preço
Simplesmente porque são presenças

Companhias dão uma mãozinha
Companheiros oferecem mãos e flores

Ausência temporária

Não sou enfermeira, mas nos últimos dias tenho me ocupado com esta atividade, cuidando de uma pessoa muito próxima que sofreu queimaduras profundas de segundo grau. Por este motivo, estou sem tempo até para o meu próprio trabalho e menos tempo ainda para ler tudo de lindo que encontro sempre por aqui e escrever tantas coisas que tenho vontade e, especialmente, necessidade.

Mas, como tudo nesta vida, de um lado a gente aprende e ganha alguma coisa e, de outro lado, a gente perde. Minha sorte é que a proporção dos ganhos tem sido bem maior que das perdas.

Aprendi literalmente a cuidar dos ferimentos da pele e, de certa maneira, isto está me ajudando no aprendizado do cuidado dos ferimentos da alma.
É preciso ter pele morta para depois ter pele nova! Trocar de pele... Renascer!

As dores da mudança de pele são muito fortes, quase insuportáveis. Mas, com o passar do tempo, vendo os ferimentos melhorando e o corpo reagindo, renovam-se as forças.

Hoje minha sensação é de vitória. Estou conseguindo transpor limites físicos e psicológicos. A única coisa que tenho a dizer para mim mesma é: parabéns, você é foda!


Estarei de volta em breve aqui para este cantinho que tanto gosto, com mais tempo, e poderei visitar vocês.
Bom, com esta postagem, respondo aos e-mails recebidos, explicando meu sumiço virtual.

Abraço forte

Sentar-se à Janela

Era criança quando, pela primeira vez entrei em um avião. A ansiedade de voar era enorme. Eu queria me sentar ao lado da janela de qualquer jeito, acompanhar o vôo desde o primeiro momento e sentir o avião correndo na pista cada vez mais rápido até a decolagem. Ao olhar pela janela via, sem palavras, o avião rompendo as nuvens, chegando ao céu azul. Tudo era novidade e fantasia. Cresci, me formei, e comecei a trabalhar. No meu trabalho, desde o início, voar era uma necessidade constante. As reuniões em outras cidades e a correria me obrigavam, às vezes, a estar em dois lugares num mesmo dia. No início pedia sempre poltronas ao lado da janela, e, ainda com olhos de menino, fitava as nuvens, curtia a viagem, e nem me incomodava de esperar um pouco mais para sair do avião, pegar a bagagem, coisa e tal. O tempo foi passando, a correria aumentando, e já não fazia questão de me sentar à janela, nem mesmo de ver as nuvens, o sol, as cidades abaixo, o mar ou qualquer paisagem que fosse. Perdi o encanto. Pensava somente em chegar e sair, me acomodar rápido e sair rápido. As poltronas do corredor agora eram exigência. Mais fáceis para sair sem ter que esperar ninguém, sempre e sempre preocupado com a hora, com o compromisso, com tudo, menos com a viagem, com a paisagem, comigo mesmo. Por um desses maravilhosos 'acasos' do destino, estava eu louco para voltar de São Paulo numa tarde chuvosa, precisando chegar em Curitiba o mais rápido possível. O vôo estava lotado e o único lugar disponível era uma janela, na última poltrona. Sem pensar concordei de imediato, peguei meu bilhete e fui para o embarque. Embarquei no avião, me acomodei na poltrona indicada: a janela. Janela que há muito eu não via, ou melhor, pela qual já não me preocupava em olhar. E, num rompante, assim que o avião decolou, lembrei-me da primeira vez que voara. Senti novamente e estranhamente aquela ansiedade, aquele frio na barriga. Olhava o avião rompendo as nuvens escuras até que, tendo passado pela chuva, apareceu o céu. Era de um azul tão lindo como jamais tinha visto. E também o sol, que brilhava como se tivesse acabado de nascer. Naquele instante, em que voltei a ser criança, percebi que estava deixando de viver um pouco a cada viagem em que desprezava aquela vista. Pensei comigo mesmo: será que em relação às outras coisas da minha vida eu também não havia deixado de me sentar à janela, como, por exemplo, olhar pela janela das minhas amizades, do meu casamento, do meu trabalho e convívio pessoal? Creio que aos poucos, e mesmo sem perceber, deixamos de olhar pela Janela da nossa vida. A vida também é uma viagem e se não nos sentarmos à janela, perdemos o que há de melhor: as paisagens, que são nossos amores, alegrias, tristezas, enfim, tudo o que nos mantém vivos. Se viajarmos somente na poltrona do corredor, com pressa de chegar, sabe-se lá aonde, perderemos a oportunidade de apreciar as belezas que a viagem nos oferece. Se você também está num ritmo acelerado, pedindo sempre poltronas do corredor, para embarcar e desembarcar rápido e 'ganhar tempo', pare um pouco e reflita sobre aonde você quer chegar. A aeronave da nossa existência voa célere e a duração da viagem não é anunciada pelo comandante. Não sabemos quanto tempo ainda nos resta. Por essa razão, vale a pena sentar próximo da janela para não perder nenhum detalhe.

Afinal, "a vida, a felicidade e a paz são caminhos e não destinos".

Texto: Alexandre Garcia

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